Por Melissa Vassalli

 

A expectativa em relação a “Maniac”, primeira minissérie da Netflix, era alta. Além de ter um elenco conhecido, composto por nomes como Jonah Hill, Justin Theroux e Emma Stone, ganhadora do Oscar de melhor atriz em 2017, foi criada por Patrick Somerville, um dos roteiristas de “The Leftovers”, e dirigida por Cary Fukunaga, responsável pela direção da primeira temporada de “True Detective” – as duas séries são obras aclamadas da HBO.

Nela, Owen (Jonah Hill) é um jovem rico e esquizofrênico, que tem uma relação conturbada com sua família. Já Annie (Emma Stone) carrega alguns traumas de seu passado, e, com o uso de uma nova droga, consegue reviver o pior momento de sua vida, o que, curiosamente, lhe dá certo conforto. Quando Owen fica desempregado e Annie perde o acesso ao medicamento, eles se inscrevem numa experiência em que, com a ajuda de pílulas, o funcionamento da mente é alterado, com o objetivo de terminar com qualquer tipo de dor.

 

 

 

De forma geral, a minissérie supre bem nossas expectativas. Os protagonistas são interessantes e toda sua ambientação se passa em um futuro distópico bem construído. Cores fortes e luzes neon se destacam em fundos sóbrios, e uma alta tecnologia funciona dentro de aparelhos quase analógicos. Seu visual elaborado não é apenas uma questão de estilo, mas, intencionalmente, procura criar uma confusão mental no espectador, aproximando futuro e passado, sonhos e realidade e a duração irregular de seus dez episódios também contribui para isso.

A minissérie também é sensível ao retratar tanto as angústias de seus personagens, como questões específicas de nossos tempos, deslocando certos comportamentos para construir seu próprio universo. Assim, consegue fazer uma crítica a situações com as quais já estamos naturalizados, como o excesso de propaganda (é possível trocar qualquer produto ou serviço por pessoas lendo anúncios para você), a solidão e isolamento (pessoas contratam outras para serem seus amigos, ou vivem literalmente dentro de máquinas).

 

 

Tudo isso ajuda na elaboração de uma realidade estranha e perturbada, coerente com a sua narrativa. Porém, seu ponto fraco é exagerar nas intenções de alguns personagens, como as do Dr. James K. Mantleray (Justin Theroux), médico responsável pelo experimento a que o casal de protagonistas é submetido. Parece haver uma motivação maior por trás de sua pesquisa, algum tipo de conspiração, o que não se confirma. Seu trabalho é só uma ferramenta para resolver conflitos com sua mãe, o que infantiliza um personagem que poderia ter impacto maior.

Não há, por enquanto, intenção de produzir uma nova temporada, e “Maniac” finaliza bem sua história. Um misto entre ficção científica, drama e comédia, sua proposta é inovadora, ainda que opte por uma resolução mais tradicional, sem deixar pontas soltas.

 

Pôster

 

Ficha Técnica

Ano: 2018

Duração: 40 min

Gênero: ficção científica

Diretor: Cary Joji Fukunaga

Elenco: Emma Stone, Jonah Hill, Justin Theroux, Sally Field, Sonoya Mizuno, Jemima Kirke

 

Trailer:

 

Imagens:

 

Avaliação do Filme

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