Por Marina Lordelo
Em uma época que se discute representatividade no cinema, resolvemos fazer uma discreta seleção escolhendo cinco diretoras inspiradoras. Para isso, seguiremos a premissa de tentar diversificar os continentes e as épocas, apresentando apenas algumas obras de cada uma delas.
- Agnès Varda
A diretora belga é uma das fundadoras da Nouvelle Vague, movimento cinematográfico que inspirou diversos cineastas mundo a fora, tanto nas vias documentais quanto em ficção. Com uma filmografia de 53 títulos entre curtas e longas, é importante destacar algumas de suas obras mais importantes, como “Cléo das 5 as 7 “(1962), “Os Renegados” (1985), “As Praias de Agnès” (2008) e o mais recente, em co-direção com o fotógrafo JR, “Visages Villages” (2017), que concorreu ao Oscar de filme estrangeiro. Agnès Varda ,além de diretora, é fotografa e montadora, o que garante aos seus filmes um olhar sensível, holístico e reconhecidamente feminino.
- Naomi Kawase
De origem japonesa, Kawase é uma diretora com destaque recorrente no festival de Cannes, um dos mais importantes para o cinema contemporâneo. Com uma produtividade relativamente alta, já possui 23 filmes creditados e a inexorabilidade do tempo é um tema recorrente em suas obras. Em 2017, lançou “Esplendor”, que foi indicado a Palma de Ouro e recebeu o prêmio do Júri do Festival de Cannes, assim como “Floresta dos Lamentos” (2007), que também recebeu a mesma premiação. Naomi Kawase é considerada um grande expoente para o cinema contemporâneo devido a potência de suas narrativas que tem apresentado a peculiaridade da cultura oriental através de temas atuais.
- Juliana Rojas
Juliana Rojas é uma jovem diretora brasileira formada pela USP que ainda possui uma tímida produção mas já recebeu indicações ao prêmio Un Certain Regard do Festival de Cannes, pela obra “Trabalhar Cansa” (2011), em parceria com o diretor Marco Dutra. O trabalho mais recente da cineasta é o revigorante “As Boas Maneiras” (2018), que tem sido considerado um dos maiores filmes de horror do Brasil. O foco da realizadora no cinema de gênero reforçam o seu potencial em levar o nome do país a diversos prêmios mundo a fora.
- Ava DuVernay
A primeira afro-americana a receber o prêmio de direção do Festival de Sundance em 2010 por “I Will Follow”, chamou atenção de Hollywood e dirigiu “Selma” (2014), indicado ao Oscar de melhor filme. Com uma visão que preconiza o protagonismo negro nas telas, DuVernay foi convidada pela Disney a dirigir “Uma Dobra no Tempo” (2018), e tem em seus projetos futuros uma produção em conjunto com Lupita Nyong’o e Rihanna, o que pode ser algo encantador para a representação da mulher negra no cinema contemporâneo.
- Sofia Coppola
Entre as obras de maior destaque de Sofia Coppola, pode-se destacar “Encontros e Desencontros” (2003), “Maria Antonieta” (2006), “As Virgens Suicidas” (2009) e o mais recente, “O Estranho que nós Amamos” (2017), um importante remake para o cinema, que ressignifica uma obra essencialmente machista em sua versão de 1971 estrelada por Clint Eastwood e dirigida por Don Siegel. Sofia Coppola apresenta-se através de uma estética plástica, com composições que parecem pinturas, mas utiliza de forma habilidosa essa linguagem visual para relacionar a força da imagem ao discurso narrativo de poder da voz feminina.
Essas foram apenas 5 das diretoras ainda atuantes no cinema contemporâneo, e inúmeras outras importantes cineastas ficaram de fora desta lista, mas poderíamos citar Anna Muylaert, Laís Bodanzky, Helena Ignez, Lucrecia Martel, Chantal Akerman, July Delpy, Alice Guy Blaché e Greta Gerwig e tantas outras talentosas realizadoras.